quinta-feira, 7 de abril de 2011

Meio

Ínterim de mundo
Lugar comum
Dois cigarros,
Nenhuma aspiração.
Existo.

Parte minha, parte!
Embora de lugar algum
parte.
Permanece minha
parte.
E parte...

D' A Última Ceia
O Senhor
Estaca de mim mesmo
E só, sempre só...

Condição de escrita:
separação.
Espalho pela vida
fragmentos de auto-abandono

domingo, 3 de abril de 2011

Ela, ele e eu

Invade-me o marasmo de um sábado qualquer
No teto, o ventilador gira - uma só vez,
Giro fictício, só a minha mente girou.
Que será que houve?
Eu queria respostas - e não havia.

Sim, estou a esquecer seu rosto,
Sempre assim.
Na verdade nunca o capturei de todo,
Sempre assim - por quê?

Escorrego
Pelas cadeiras e mesas da casa...
"Onde será que deixei...
O que mesmo?"

Ah, já sei!
A poesia, ela é que me falta.
Minha eterna amante,
Senti-la: eis do que preciso...

Imprecisa... em que papéis...
Em que fragmentos de cartas
Perdi-a? Sempre esquiva...
Onde escapara a infame?

Se enlouqueço?
Claro - humana que sou

Deixo-me em esquinas quaisquer.
Em sábados quaisquer...
Até que ela volte pra mim.

Mas você... ainda bem que você está sempre aqui.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Isso, mais nada

Hoje não quero perder nenhum ônibus.
E não quero a embriaguez dos teus beijos,
Se eles calarem as vozes
Que eu tanto demorei a soltar
E sufocavam-me as ideias.

Quero um abraço que me liberte,
os meus lençóis com aquele cheirinho bom...

Hoje não quero tocar-te a alma.
Quero o beijo dos lírios
Nos meus olhos cansados de ser.

Não quero sorrisos de lado
Que me tonteiam até ficar sem rumo.

Não hoje, não mais.

Eu sei o que quero - por incrível que pareça.

Hoje quero a doçura
Que sei exatamente onde encontrar.