tag:blogger.com,1999:blog-47772403126455286612024-03-08T00:12:31.391-03:00Essa coisa aí que eu chamo de...Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.comBlogger29125tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-29039856488683234722013-04-26T20:56:00.000-03:002013-04-26T20:56:36.254-03:00zoeh (há que se colocar algo nos parênteses)ai, quanto zunido assim não dá. as crianças não param de roubar dinossauros na companhia das índias ocidentais e as bananeiras não param de nascer nos canteiros de obras do maracanã e os brócolis não param de reivindicar que também são de bruxelas e os elefantes não param de chupar cachos e cachos de uva na argentina e os operários não param de fugir pra china atrás do mambo e aqueles malditos auscultadores de branco não param de dizer que eu me cale que tome esse remedinho que passeie por entre as árvores que me sente um minutinho que tome sol que você nunca vem que nada disso faz sentido aaaaaaaaaaaaah o SENTIDO ÍNTIMO DAS COISAS mas que enorme babaquice. eu-sei-que-você-vem-e-você-claro-sabe porque não, não foi uma aposta, foi um pacto-promessa. que Zoeh significa vida, entendeu?Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-80752085437387918982013-04-08T17:26:00.001-03:002013-04-08T17:26:22.438-03:00zoeh (algum fragmento)a. finitude. das. coisas. é. incontornável. ele disse. eu concordo.<br /><br /><div>
eu preciso que você chegue logo, benzinho, você não disse que vinha? a unha do indicador só vai crescendo crescendo crescendo ao que tudo indica pelo menos isso nunca para, isso e os cabelos-vermelhos-terrivelmente-longos-que-se-espalham e espalham e espalham dentro da caixa definitiva, ainda bem. não dá não, cara, escrever tantas coisas que eu não amo, não dá não, lembra do que a gente disse? isso ainda acaba com tudo, você sabe. não, você só pode estar brincando, eles só aumentam, olha os fios, amor. as-moiras-esticam-e-esticam-e-esticam-e-esticam-e-esticam e crec nenhuma teoria nenhuma filosofia nenhuma metafísica nos salvaria desta ranhura. só conversa séria, benzinho, a gente só gosta assim. mas promete que chega porque você sabe que as coisas giram e giram e giram e giram e giram e crec perna de bailarina acabou a dança ou não ou casca-de-ovo-que-range-e-libera-a-enooooooorme-célula-da-vida, será?</div>
<div>
<br /></div>
<div>
aqui</div>
<div>
<br /></div>
<div>
mesmo </div>
<div>
menor </div>
<div>
ainda é um fim, </div>
<div>
o que a gente vai fazer?</div>
Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-11452029469513680802013-02-16T19:52:00.000-02:002013-02-16T19:52:42.590-02:00inencontre-me por favor<br />
na Rua das Laranjeiras<br />
sem<br />
ele,<br />
Santa Cruz<br />
pulsando<br />
viva,<br />
São Paulo<br />
você <br />
sabe<br />
onde,<br />
Minas Gerais<br />
de<br />
goiaba,<br />
Colômbia<br />
com<br />
esclerose,<br />
África<br />
traga<br />
o<br />
rio,<br />
Hemisfério Sul<br />
nos<br />
umbigos,<br />
de Vênus <br />
em <br />
fúria,<br />
Andrômeda<br />
sem<br />
correntes,<br />
Universo<br />em <br />
desencanto<br />
<br />
só<br />
venha<br />
logo.Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-86795317312085388302012-10-29T00:24:00.000-02:002012-10-29T00:25:04.164-02:00Zoeh<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">aposta não.
pacto-promessa. algo pelo que viver. algo pelo que morrer. dormir. talvez
sonhar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">já tenho 48
cabelos brancos. não, menos de setenta anos, o branco é
congelador-de-geladeira-velha-que-não-fecha-mais-direito e o gelo vai saindo
saindo saindo saindo e gordinho, entendeu? não, cara, manda pelamor trazer sem
colarinho, nunca é branco o suficiente, sempre amareladinho, um nojo. que?
passar? pra que passar? vai amarrotadinho assim mesmo que fica lindeza, se
colarinho é gola? acho que sim, manda
vir sem gola então por favor e vê se vai logo. tá, nesse canto aqui ta bom, a
gente não gosta de muita luz né,
fotoquê? conversa séria, como sempre, a gente só gosta assim. não, não
foi uma aposta, foi um pacto-promessa. que Zoeh significa vida, entendeu? led
zeppelin, cara, led zeppelin. todos os macacos são fãs de led zeppelin. macacos
são tão legais quanto led zeppelin, por isso, entendeu? são o melhor que nós
temos por aqui. não, cara, depois a gente lava, lógico que não, barata no
sétimo andar? elevador, elevador, elevador, blah blah blah. já desço queridinho.
para, para, PARAAAAAAA. que? que sempre assim? a gente é assim como? NÃO não,
cara. eu já disse que eu ainda te amo, que ir embora, pirou? não, não foi uma
aposta, foi um pacto-promessa. que Zoeh significa vida, entendeu? não foi uma
aposta, foi um pacto-promessa. que Zoeh significa vida, entendeu?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">congela-se o
olhar de expectativa. carne-viva. juventude. tudo isso. nós.</span><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 0.0001pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> </span><br />
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> <wbr></wbr> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> <wbr></wbr> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> <wbr></wbr> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> <wbr></wbr> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> <wbr></wbr> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">ocos <wbr></wbr> <wbr></wbr> >> passos</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> <wbr></wbr> <wbr></wbr> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> <wbr></wbr> <wbr></wbr> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> <wbr></wbr> <wbr></wbr> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> <wbr></wbr> <wbr></wbr> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> <wbr></wbr> <wbr></wbr> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> <wbr></wbr> <wbr></wbr> <wbr></wbr> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> <wbr></wbr> <wbr></wbr> >></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> <wbr></wbr> <wbr></wbr> <wbr></wbr> >></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">infinito.
espaço. oco. entre. nós.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">já tenho 56
cabelos brancos agora. você não vem nunca? eu não te disse que tinha que vir,
cara? não, não foi uma aposta, foi um pacto-promessa. que Zoeh significa vida,
entendeu? em 2016 a gente vai casar em todas as religiões, tá? no judaísmo, pra
levantarem a gente em cadeiras e balançarem balançarem balançarem e com os
gregos pra gente quebrar pratos, só pode ser divertido quebrar pratos, cara.
vamos no candomblé também, será que jogam pipoca? só quero se tiver pipoca. no
hindu, pra eu botar piercing no nariz e porque tem as roupas mais coloridas e
na praia que pode ser qualquer crença ou a gente inventa a adoração ao vento
com flores muitas flores por favor, com ou sem
tradição sempre vou querer florezinhas beeeeeem pequenininhas nas
festas, me promete que arranja? não, não foi uma aposta, foi um pacto-promessa.
que Zoeh significa vida, entendeu? casa, que, casa? não, cara, isso não
importa, a gente mora por aí, eu já te disse que as boas casas são de carne e
osso e casulos que deixam a gente mais lindeza, entendeu? ai, chega logo,
benzinho que ta ventando tanto... qual barulho você acha que tem o vento de
dentro do casulo? que, se lagarta tem ouvido? sei lá, isso importa? o que
importa é que você chegue logo 57, 58, 59. não, não foi uma aposta, foi um
pacto-promessa. que Zoeh significa vida, entendeu?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">vou descobrir
a causa última das coisas. ver suas raízes. olhar meus fios de cabelo
arrancados. um-a-um. um-a-zero. adeus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">sempre existe algo depois.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">a <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">loucura <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">é <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">igual <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">ao <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">amor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">tolice achar
que<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">o amor pode
ser<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">humanamente aceitável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-64909569273465695892012-10-09T23:02:00.000-03:002012-10-09T23:46:06.775-03:00ao vivorespirar<br />
fumaça fedor perfume pó OXIGÊNIO<br />
meus<br />
pulmões<br />
não te amam mais.<br />
<br />
beber<br />
conhaque rum tequila gim ABSINTO<br />
meu<br />
fígado<br />
não te ama mais.<br />
<br />
comer<br />
couve cenoura carambola quiabo<span style="color: #333333; font-family: lucida grande, tahoma, verdana, arial, sans-serif;"><span style="font-size: 11px; line-height: 12.716666221618652px; white-space: pre-wrap;"> </span></span>BERINJELA<br />
meu<br />
estômago<br />
não te ama mais.<br />
<br />
gerar<br />
semente flor fruto criança INTRIGA<br />
meu<br />
útero<br />
não te ama mais.<br />
<br />
eu<br />
uno duo descontínue acoplado TODO<br />
meus<br />
olhos<br />
não te amam mais.<br />
<br />
<br />
EU<br />
(obtuso difuso confuso transfuso casulo)<br />
<br />
<br />
TE<br />
(pronome comnome transnome desnome retome)<br />
<br />
<br />
AMO.Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-33036138400878581032012-10-01T08:07:00.001-03:002012-10-01T08:07:43.831-03:00João e MariaSó migalhas.<br />
<br />
Poderão marcar<br />
O caminho de volta?<br />
<br />
A Trilha Traduz A Trama Intruncada<br />
Perdida<br />
Achada<br />
<br />
(Des)Esperada<br />
<br />
O fio-da-meada<br />
<br />
Eu Você<br />
<div style="text-align: start;">
<span style="text-align: center;"> </span></div>
<div style="text-align: start;">
<span style="text-align: center;"> O pão da vida</span></div>
<div style="text-align: start;">
<span style="text-align: center;"> Amém</span></div>
<br />
Além?<br />
Nada.Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-26763811078301371692012-08-25T17:19:00.002-03:002012-08-25T17:20:40.005-03:00nãoeu enfiaria todos os dedos nesse cabelo desgrenhado e puxaria. bebê. não. olhos sóbrios. dois. quatro. a cerveja. quente. os corpos. mais. as pessoas não são descartáveis. náusea. nem sartre. nem drummond. Você. Você. eu arrancaria suas calças só pra vestir aquela estátua. criança. não. bocas secas. uma. duas. a luz vermelha. os corpos. mais. isso tudo é um absurdo. cansaço. nem caio. nem clarice. Você. Você. eu diria que chorei de novo com aquele filme. adulto. não. eu sinto muito. eu gostaria que. não.Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-6425093522379537392012-08-07T11:21:00.002-03:002012-08-07T11:22:00.380-03:00distrações perdidasrespiro.<br />
resvalo<br />
no oco<br />
do corpo.<br />
<br />
o ziguezague dos cigarros cava o túnel de escape à consciência. [nulo]<br />
<br />
três<br />
dois<br />
um<br />
volte.<br />
<br />
o suicídio é a maior tolice de todas.Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-14744291426826910242012-05-28T21:05:00.000-03:002012-05-28T21:40:05.302-03:00Isso era seu, tava comigoNão é de bom tom começar com incertezas, mas não há outro jeito: eu não sei o que se seguirá nessa folha. Mas escrever é sempre um risco, é um escapar-se, é vício. Tem coisas que não dá pra calar. Talvez houvesse um jeito melhor de contar essa história, talvez ficasse menos hermética e mais fingida e, portanto, mais bonita. Não domino este jeito. E por fim, antes do começo, o querido Manoel de Barros: considere que "90% do que eu digo é invenção, só 10% é mentira." Escrevamos torto por linhas inexistentes. A história é assim:<br />
<br />
[Observou-a tirar a bolsa e largá-la na grama, e aquele ato ínfimo já era um despir-se. Que aquela moça tinha olhos nus. - Eu discordo -, ela já foi dizendo, e sorriu; que ela era sempre de brincadeira e por isso mesmo sempre de verdade. Ele sorriu também, porque sabia. O quê nenhum dos dois sabia, mas sabiam pois sabiam-se ali. Era o espaço da invenção. Onde? Em casa, na companhia um do outro. Os dois cansados e estranhos. Onde? naquela trincheira que que só existia ali, no estar. Não diziam os antigos que o eu só existe a partir do tu? Pois. Eles se inventavam. Como? Ora, como todos os que valem a pena. Com aqueles trechos de livros, as músicas, as peças, os filósofos, a política - e aqui falo porque eles quase se encontravam, pra em seguida um eu discordo, na verdade por bel prazer dos dois -, e as histórias, porque ali era tão confortável dizer, até das falhas ou angustiadas - que ela bebeu tequila demais e apagou, que ele dormiu no chão da Lapa, que ela chorou no filme do Shakespeare, que ele disse ter inventado o avião de passageiros, que ela era vergonhosamente fã da Julia Roberts, que ele adorava os vilões com capa, monóculo e chapéu -, e também o presente, a vontade tão colada dentro que nunca era dita: eu ficaria aqui, eu ficaria aqui, eu ficaria, me leve, me leve, é tão leve. É que esse agora era tão bom, com os olhos salgados, as estrelas resistentes à metrópole, a lua de poluição, as luzes da cidade mostrando a fumaça estranha, os navios carregando cidades. Era possível o toque ali, era óbvio, por isso se tocavam, me leve, leve. Era assim, mas nenhum dos dois saberia dizer. Era tudo, ali e neles, de brincadeira, e por isso mesmo sempre de verdade. O haver.]<br />
<br />
Eu te isso.<br />
<br />
Beijos,<br />
Ana.Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-40628843553600872282012-05-20T20:05:00.001-03:002012-05-20T20:05:33.934-03:00por esse ponto<span class="messageBody" data-ft="{"type":3}">[lançaram a bomba nuclear e instaurou-se a terceira guerra mundial. a minha casa teve 73% dos tijolos devorados por formigas vermelhas. dentro de aproximadamente quatro horas e meia acontecerá o apocalipse zumbi. um cara de oitenta e três anos se matou por não suportar mais ser perseguido por borboletas azuis. uma freira em nova guiné deu dois tragos num lucky strike vermelho e passou três dias em alucinações dizendo que estava sendo amordaçada por espantalhos. meu amigo descobriu que maconha causa cãimbra nas axilas. no atacama há uma sala oval de paredes espelhadas onde quem entra some. um homem que perdeu as pernas passava os dias no google earth e descobriu que todas as vacas do mundo pastam olhando pra mesma direção, pelo que ganhou o nobel da paz. e eu amo você.]</span>Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-23519651903661535042012-04-29T16:01:00.000-03:002012-04-29T16:01:36.325-03:00rasomais fundo do que isso não dá, baby. eu vou voltar àquele familiar estado de nada. não, nenhuma expiação lacrimal piegas. já sabemos por tantos meios que somos sós sempre. nenhuma responsabilidade sobre as vontades alheias. nunca querer o querer alheio. é, assim é leve. mas é descaso também. tem remédio? mas porque a gente é assim e todo esse papo. aí achamos aquele refrão pra cantarolar inevitavelmente. é tudo tão inevitável. ou não. você não acredita no que eu digo, meu bem. eu queria por fogo nesse apartamento, tipo caetano. aqui sempre foi assim. um dia fim e e. nenhuma teoria pra recorrer. um fim sem trilha sonora, claro. senão. e só.Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-10153936402004116642012-04-18T21:40:00.000-03:002012-04-18T21:40:24.901-03:00isso passae foi dormir pra fingir que não esperava a ligação. talvez fingido assim nem cole. gostoso é pensar que o destino tem preguiça da gente. que o acaso tem inveja da imaginação. de tantos e se. a grande teia de quase todos os conhecidos. e no sonho ele liga e. na verdade a gente inventa o que não. porque o destino é orgulhoso que só. nunca se nega. há de fazer melhor. flores ao mar.Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-62839967883456441362012-03-19T10:19:00.000-03:002012-03-19T10:19:25.663-03:00desseseu vou abrir essa cerveja com os mesmos dentes com que te morderei a orelha esquerda e sussurrarei já pirando que te amo e depois num segundo te mordo a boca pra evitar a tolice de um eu também. porque isso é o que pode haver de pior. é o fim de todo rock e início de todo blues - sim, o mesmo que toca sem a ana. temos que conseguir que fique tudo assim suave - mesmo nunca sendo. que somos desses. vamos ser sempre, né. que bom. assim talvez até um de nós durma antes das quatro. antes de não poder evitar a lembrança de que acabamos guardando todas as chuvas. que somos desses. vamos ser sempre, né.Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-14437002982719105602012-03-16T23:01:00.000-03:002012-03-16T23:01:25.116-03:00Nós (2)ontem eu tentei chorar de novo mas não deu. acho que nunca mais vou chorar só porque acabou. eu tenho muita preguiça de você agora, isso não é incrível? e toda essa seca é só porque os bebês morreram, junto com a casa e as laranjeiras - todos embriões imaginários. e aí tem alguém com um sorriso lindo que não é o seu. e mãos maravilhosas que não me conhecem, então. a merda maior de todas é que sempre tem um pronome pessoal bem mais forte que os doces indefinidos: ele, ela, ele, ela. que às vezes quase sempre a gente nunca é. não me liga não, tá?pensa que eu sou mais um demônio, que é mais leve. senão nenhum de nós vai aguentar, tipo closer. eu não te amo mais. desde agora. e fim.Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-12949564799309497332012-02-20T22:18:00.000-02:002012-02-20T22:18:13.163-02:00esperaaqui é o close pro fim. você lembra do que eu disse? as câmeras nem sempre vão pra onde a gente espera. mas eu juro que vai ser bonito. porque é amor aqui. sempre foi. mas aqui é o close pro fim. será que você ainda lembra do que eu disse? as verborragias internas matam mais rápido. isso é o básico mas corroi tudo. talvez reste alguma bela sombra. a gente fez tantas em nenhuma promessa. finalmente aqui é o close pro fim. eu sei que você não lembra mais do que eu disse.Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-37744346198045714722012-01-28T13:50:00.004-02:002012-01-28T13:52:01.025-02:00insone<span class="messageBody" data-ft="{"type":3}">nehuma grande guerra. nenhum grande amor. você com seus eus tambéns. eu já sem carne e sem vida. um gole de café. uma gota de poema. o mundo com fome de saber. eu sem nenhum apetite. quase em absoluto silêncio. dentro de um grande mal entendido. estou esquecendo seu rosto.</span>Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-83576579651946131792011-11-17T21:09:00.000-02:002011-11-17T21:09:25.798-02:00Que fazer?Eis a fúria taxonômica de nossa era.<br />
E eu toda pronome indefinido.<br />
Adiante, o muro pixado por nós: os nomes.<br />
De tão antigos tijolos forjado,<br />
Ligado por nossos suores do tempo,<br />
Serve agora com todo intento<br />
A tolir nossas vozes mais sinceras.<br />
<br />
Com os pulsos de pronome indefinido,<br />
Desmesurada, soco o velho muro.<br />
Pois prefiro as minhas incertezas em carne viva<br />
A contemplar o silêncio óbvio que me corroi as ideiasAnahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-29415538380308143032011-07-30T20:09:00.000-03:002011-07-30T20:09:22.851-03:00E fimSangrava muito<br />
Mas em gotas<br />
Lágrimas de pulso<br />
O grande conta-vidas<br />
De verdade, assim:<br />
<br />
vida n° 1: que ela era uma criança quieta<br />
- Mãe, você tem certeza que eu não tô sonhando? Não quero acordar e ter que fazer tudo de novo...<br />
- Para de bobagem, menina! Vai agir a vida!<br />
[mas ela não sabia o que era "agir a vida", só bobagens de sonho]<br />
<br />
vida n°2: que ela era estranha aos treze<br />
- Cara, olha essa luz! Não parece que somos mais humanos por sermos efêmeros?<br />
- Para de usar essas palavras estranhas, você parece louca!<br />
[mas ela se gostava louca, e só]<br />
<br />
vida n° 3: que a loucura ficou sexy aos 17<br />
- Olha o que eu escrevi:<br />
<br />
<em>Neste mundo eternamente desencontrado</em><br />
<em>Eis a árdua tarefa: pertencer-se</em><br />
<em>Perdi-me de mim diversas vezes</em><br />
<em>E, inocente, procuro-me em outro</em><br />
<em>Se a perda si é necessária ao amor</em><br />
<em>Espero sinceramente encontrar-me em ti</em><br />
<em>Neste mundo eternamente desencontrado</em><br />
<br />
- Você é linda - E a beijou<br />
[mas ela não acreditou. Só sabia de encontros em poemas.]<br />
<br />
vida n° 4: que ela quase chegou a acreditar aos 18<br />
- Cara, é estranho, quando penso "será que te amo" me parece uma estranha certeza...<br />
- Para com isso, menina, esses seus textos estranhos são mentiras. Palavras são mentiras. O que existe é o encontro e só.<br />
[mas pra ela eram desencontros, o que a fazia sustentar sempre aquele olhar melancólico]<br />
<br />
vida n° 5: que ela viu aos 20<br />
- É um monólogo agora, sabe? Na verdade sempre foi. Tentei me completar na poesia, não deu. Vou arrebentar minha carne pra tocar a vida.<br />
<br />
E sangrava muito<br />
Mas em gotas<br />
Lágrimas de pulso<br />
O grande conta-vidas<br />
De verdade, assim<br />
E fimAnahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-46793424619929202642011-07-02T16:30:00.001-03:002011-07-02T16:50:09.965-03:00Batom vermelho[Nem houve tempo pra saudade, não é mesmo? Você mandou tantas mensagens... - Mas pra ela houvera, sempre houvera o tempo da saudade - E pra falar a verdade não há mais motivo, não é mesmo? As nossas ideias nem se encontram. Não vejo por que vir te ver. Eu não venho mais, tá? - Tá. - Mas, como sempre, ela chorou e disse que o amava e que tinha que soltá-lo e mais uns inúteis clichês. E agora? Agora isso, ué! A vida, os amigos velhos, os novos, os falsos, os de copo... Uma noite de muitas cervejas e no fim aquela música - ai, como ela passara a odiar Los Hermanos! - , aquela maldita música que ela não tinha pra quem cantar - mas cantou. E sorriu. E ah, todos achavam tão sexy todo aquele melodrama - mas pra ela era verdade. E ela sorria tanto que chegou a acreditar em si. Além do mais, ela era daquelas que nunca olham pra trás - e não olhou. Não diante deles.]Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-32730017731899871532011-06-27T21:00:00.002-03:002011-06-27T21:03:11.098-03:00NoiteLigava-se,<br />
Ninguém atendia.<br />
Insone,<br />
De luzes acesas ferida.<br />
<br />
Os músculos<br />
Tesos de estranho saber<br />
da vida<br />
E doía<br />
<br />
Adormecia.<br />
Pingo a pingo, <br />
Provava a morte<br />
Conta-vidas<br />
E fim.Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-48256028733694107782011-05-21T21:42:00.000-03:002011-05-21T21:42:32.065-03:00DiárioAs partes minhas que arranco - <br />
Peles e unhas<br />
Expõem<br />
A carne viva dolorida,<br />
Aflita<br />
Que trago dentro...<br />
Embora permaneça<br />
Com os olhos brandos<br />
Contendo apenas uma faísca<br />
Escapulida, à toa<br />
Numa distração.<br />
Certas coisas demoram a mudar...Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-46105674852977429152011-05-17T21:53:00.000-03:002011-05-17T21:53:26.780-03:00Posso?Só pra eu dizer que te vi,<br />
Que te toquei,<br />
Nos limites que o infinito outro pode ser tocado,<br />
Com licença.<br />
Me invento pra você caso queira<br />
E isto não é qualquer coisa...<br />
Sim, é pro meu prazer,<br />
Você me permite?<br />
<br />
É que dentre tantos Prometeus [neste mundo de gaiolas]<br />
Com as vísceras expostas e ainda assim<br />
inertes...<br />
Seus olhos e boca e mãos e movimentos <br />
Espalham<br />
Uma deliciosa liberadade,<br />
Vibrante<br />
Plena.<br />
Posso?Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-1558178411816067252011-05-11T21:31:00.000-03:002011-05-13T17:35:20.445-03:00Pós Não mais conceito<br />
Não mais consenso<br />
<br />
[o humano] Só<br />
De si e do outro<br />
Só<br />
<br />
Um parafuso: <br />
a apertar<br />
Só.<br />
Por ele, o humano:<br />
Só<br />
<br />
Sem futuro.<br />
História com fim.<br />
<br />
Sem poema: pedra e Sol.Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-74511486604259258172011-04-07T21:33:00.000-03:002011-04-07T21:33:27.155-03:00MeioÍnterim de mundo<br />
Lugar comum<br />
Dois cigarros,<br />
Nenhuma aspiração.<br />
Existo.<br />
<br />
Parte minha, parte!<br />
Embora de lugar algum<br />
parte.<br />
Permanece minha<br />
parte.<br />
E parte...<br />
<br />
D' A Última Ceia<br />
O Senhor<br />
Estaca de mim mesmo<br />
E só, sempre só...<br />
<br />
Condição de escrita:<br />
separação.<br />
Espalho pela vida<br />
fragmentos de auto-abandonoAnahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4777240312645528661.post-91649297710037688502011-04-03T19:33:00.001-03:002011-04-03T19:44:41.879-03:00Ela, ele e euInvade-me o marasmo de um sábado qualquer<br />
No teto, o ventilador gira - uma só vez,<br />
Giro fictício, só a minha mente girou.<br />
Que será que houve?<br />
Eu queria respostas - e não havia.<br />
<br />
Sim, estou a esquecer seu rosto,<br />
Sempre assim.<br />
Na verdade nunca o capturei de todo,<br />
Sempre assim - por quê?<br />
<br />
Escorrego<br />
Pelas cadeiras e mesas da casa...<br />
"Onde será que deixei...<br />
O que mesmo?"<br />
<br />
Ah, já sei!<br />
A poesia, ela é que me falta.<br />
Minha eterna amante,<br />
Senti-la: eis do que preciso...<br />
<br />
Imprecisa... em que papéis...<br />
Em que fragmentos de cartas<br />
Perdi-a? Sempre esquiva...<br />
Onde escapara a infame?<br />
<br />
Se enlouqueço?<br />
Claro - humana que sou<br />
<br />
Deixo-me em esquinas quaisquer.<br />
Em sábados quaisquer...<br />
Até que ela volte pra mim.<br />
<br />
Mas você... ainda bem que você está sempre aqui.Anahttp://www.blogger.com/profile/06897236982100694464noreply@blogger.com3